o céu partido ao meio, no meio da tarde.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Não mais sofrer

(Sentia uma forte sensação de frio. Pés e mãos duros. Músculos adormecidos. Notou que a fonte do frio vinha do peito, do mais profundo do seu peito, onde seu coração gelado congelava todo o resto do seu corpo. E era assim, ele era frígido. Ele não tinha coração. Ele, que sempre pensou em amar, agora sentia indiferença. O coração congelando, o amor derretendo, a vontade inexistente.)

- Ahh! Ahh! Vou gozar! Vou gozar! , disse o outro.

(E sem o menor disfruto, recolheu seu pênis, recolheu suas lágrimas, recolheu-se dentro dele mesmo e sorriu um sorriso falso, enquanto o gozo lhe escorria pela barriga.)

Ele era assim, já não podia amar, já não podia odiar e, assim, já não podia mais sofrer.
Ele nem sequer vivia.

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