o céu partido ao meio, no meio da tarde.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Tola descrição

Como se a palavra fosse a suficiente tentativa tola
De qualquer descrição.
Como se do dedo brotasse o que se sente, a verdade pura de vê-la sorrir
E saber que a cidade inteira, dentro de suas vidas aleatórias,
Também sorrisse
Só por ela.
Como se o céu fosse ela inteira
E cada palavra que diz
Desabrochasse numa estrela.
Pobre dela que nem sabe
Que tem fúria e beleza dentro.
Tanta força
Que até manchou com o verde dos olhos
Os mares e as árvores dos quatro cantos do planeta.
Como se fosse possível escrever sobre ela,
Tão ela e tão os outros, que já é tudo.
Poucos dias em sua presença embriaga,
Vicia a vista o seu caminhar leve e desajeitado
Como de quem não sabe que é fera
Vivendo num corpo de flor.
Pobre dela que nem sabe,
E eu sei bem disso,
Que a gente fecha os olhos e o vento a traz
E enche o nosso peito
Com esse furacão denso de olhos claros
Enfrascado nesse corpo pequenino
De guerreira
E de mulher.

F;

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