o céu partido ao meio, no meio da tarde.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Aniversário

Quando pequena uma vez me olhou, dos pés à cabeça,
e como uma passarinha assustada fugiu chorando.
Talvez medo do desconhecido, daquele gigante comparado à ela.
Medo do que é sangue, mas não é carne de todos os dias,
não é presença cotidiana.

Eu alto e bruto conquistando-a devagarinho:
uma boneca que criava vida, um supermercado inventado, um dinheiro que não existia,
um taxi de mentira, um chá numa xícara invisível.
Um abrir de asas e voar no chão, um mundinho paralelo nosso feito.
E quando você corria, minha Gal,
eu tio bobo corria atrás.

Ela ria e eu ria da risada dela,
enquanto a girava nos meus braços vendo aquele cabelo, como uma pequena melena divina,
cortar o vento, esvoaçante.
fazendo com que todas as aves corressem
como se fugissem de uma vaca brava.

Ela cabia dentro de um abraço. Hoje já não cabe em sí.
E a minha nostalgia, de tão grande, não cabe nem no oceano.

O triste da distância é isso, que o que chega da gente é pouco:
é só o demonstrar do amor,
é só a vontade de rever
e é só a palavra.

Que as tuas raízes cresçam muito, porém que tuas asas sejam sempre maiores.
Queria te dar um beijo, mas dadas as circunstâncias só tenho uma coisa para te oferecer como presente:
a minha saudade.

O tio te ama.

F;

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