o céu partido ao meio, no meio da tarde.

terça-feira, 4 de julho de 2017

Clarividência

Explodia em furacão o peito, em desassossego, e então toda a confusão do mundo se fazia matéria. O ar pesava vetusto e as paredes do quarto o sufocavam, como quando se sustenta um pássaro miúdo entre os punhos fechados com a intenção de salvá-lo. A liberdade o custava e o cobrava, feroz, rangendo os dentes. Nas garras da insegurança tremia com os pés duros e frios de quem demonstra costume ao caminhar noites adentro sobre o gelo. Lhe sangravam as frieiras e os olhos, e da linha da vida de sua palma brotavam os espinhos.
A liberdade era uma flor morta e envenenada. E o não-saber era a cigana que lhe desvendava o futuro acariciando sua mão.
F;

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