Em frente aos mamilos da terra
a cidade inteira se sentava.
No pranto dos céus,
tão azul e salgado,
se notavam os matizes mais claros
que os barcos deixam ao passar,
lentos e sujos,
quando provocam as ondas.
Uma pincelada de outro tom
desenhava curvas
nessa imensidão líquida
que aqui se denomina “il mare”.
Quatro crianças brincavam na madeira antiga
dum veleiro velho e podre
apoiado em diagonal,
que disputava a atenção dos humanos
e das pombas.
Então eu quis ser pomba.
Talvez voasse para outra costa
ou outras montanhas.
Porque neste antiquário de ruas estreitas
os pássaros são objetos:
os que têm asas, aqui,
são enjaulados.
A liberdade me gritava do lado de lá
e o meu peito,
idiota,
não reconhecia a sua voz.
O mar e o vento frio
me beijavam com saudade.
Era o beijo dos tolos:
dos que sentem o gosto
de tudo aquilo
que ainda não
viveram.
F;
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