e o teu silêncio
abraçava a família inteira.
as mãos de panela
e o umbigo de avental,
entre os tanques e as massas de pão
sovadas com a força
das que resistem:
a comida egrégia
e o cuidado materno
Poxa, vó
a gente sabe que é ciclo
que o teu nascer forte
se esvai em resmungos deslucidos,
mas a dor dos teus rosários
se espalha
e consome cada um de nós.
teu peso redondo
afundado na cama
nos derrete sempre que os teus olhos,
brancos de fadiga e espera,
nos miram pedindo auxílio.
Não sabemos como reagir.
E eu, vó,
na minha estúpida impotência
só versejo o grito
que se oculta
detrás da garganta
e, como em oração,
destilo palavras no ar
emburrado com o modo das coisas
e com a vida
e com tudo o que há.
Tua raiz grossa
te transforma em planta,
mas os teu desvarios não serão em vão:
o teu pedido será ouvido, vó
e os teus punhos fechados
nas longas tardes de reza
confortarão o teu peito
e os nossos corações
também reconhecerão as preces
que fizestes todos os dias
com teu amor extendido
num guardanapo
sobre nossas
cabeças.
F;
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